Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra... mas desde o princípio alguma coisa - fados, astros, sinas, quem saberá? - conspirava contra (ou a favor, por que não?) aqueles dois... para nao sentirem tanto frio, tanta sede, ou simplesmente por serem humanos, se querer justifica-los - ou, ao contrário, justificando-os plena e profundamente, enfim: que mais restava àqueles dois senão, pouco a pouco, se aproximarem, se conhecerem, se misturarem?

15.3.07

Triz



Me debrucei no calabouço que cavei sozinha
Caí e lá permancei muda
porque sim
surda, cega, ferida por um quase de
365 noites

Então, de uma brecha miúda,
Ouvi duas vozes que foram adentrando
sorrateiras
e foi indo o fim da penumbra
O luto dissipado

Mesmo com frio nos ossos e a alma dura
Os colos me levaram para o lado de cá
ah um de quentura tão familiar
E a outra mirada funda e determinada

E toda sede se foi com a fonte de vida
do rosto de sombra
do semblante de anjo

Amo a antiga sedução desgarrada, que me pertence há anos.
Amo a entrega última e sua verdade atestada, seus vincos, a luta, a doçura do desconhecido.

Paz idílica, impalpável

Hoje não dói mais.
Mesmo o amanhã turvo, é o que desejo.
Contanto que os traga agora
para meu futuro em gestação.

Me levem para os seus mundos seus umbigos seus melindres
quero o sorriso de acolhida
quero o mundo de magia
Tecer promessas vãs com todo o amor de já.

Quero permancer feliz
neste meio tempo tão fugaz
por um triz
quase caio
para um lado
para o outro


Nós, um quase
Mas a paz, a temos



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